A violência doméstica é talvez a forma mais generalizada de violência contra as Mulheres.
Este tipo de violência ocorre em todas as partes do mundo, em todos os estratos sociais e em todos os grupos etários.
Como tal diz respeito a todos.
Até aos anos 90, a violência doméstica era considerada um assunto da esfera privada, tanto pela sociedade como pelos governos.
A tomada de consciência, da necessidade de proteger as Mulheres da violência que ocorre no seio da família (ou no contexto doméstico) e de tomar medidas para punir os agressores é recente, nomeadamente por parte das autoridades.
É urgente, não só aplicar as leis sobre esta matéria, vigentes no País, como é urgente a formação dos profissionais que lidam diariamente com sobreviventes de violência doméstica (polícias, médicas/os, advogadas/os, juízes e outros profissionais) no sentido de criar uma Rede Comunitária Articulada e Especializada nas áreas da Violência contra as Mulheres e Crianças.
O que é?
A violência doméstica resulta da dominação e controlo de um indivíduo sobre outro indivíduo sendo que na maior parte das vezes, a pessoa que agride é a pessoa com quem vivemos. A violência doméstica não tem fronteiras, ocorre em todos os casais (hetero/ homossexuais), estratos sociais, faixas etárias, religiões, etnias, etc. As estatísticas disponíveis não transcrevem a dimensão real da situação. Apenas uma pequena percentagem das situações de violência doméstica é denunciada junto das autoridades.
Segundo dados da Estrutura de Missão Contra a Violência Doméstica, em Portugal, 1 em cada 3 Mulheres sofre alguma forma de violência durante a vida.
São várias as razões que contribuem para que as Mulheres nem sempre denunciam as violências de que são alvo:
- O medo
- A vergonha
- A baixa auto-estima que desenvolvem
- O sentimento de culpa
- A dependência económica
Mitos e realidades sobre a violência doméstica
São muitos os mitos acerca da violência doméstica.
Acreditar neles perpetua o problema.
Mito: O álcool e/ou as drogas fazem com que as pessoas se tornem violentas.
Realidade: As substâncias químicas não são a causa da violência, mas podem potenciá-la porque têm um efeito desinibidor.
Mito: Os homens que batem nas Mulheres são doentes mentais.
Realidade: Os agressores são pessoas “normais”. No entanto, a forma como se comportam nas relações interpessoais pode revelar uma estrutura violenta.
Mito: A violência doméstica é um problema que não afecta muitas Mulheres e só existe em famílias de baixo nível socioeconómico.
Realidade: As estatísticas internacionais indicam que existam entre 20% e 30% de Mulheres vítimas dos seus companheiros ou maridos, que provêm de todos os estratos sociais, de todas as idades, raças e credos religiosos.
Mito: Uma agressão é apenas uma perda momentânea da razão por parte da pessoa que agride.
Realidade: Qualquer tipo de violência, de uma pessoa sobre outra, é crime. O/A agressor/a age para manter o controlo.
Mito: As Mulheres vítimas de violência consideram importante para o desenvolvimento dos/as filhos/as a convivência destes com o pai.
Realidade: Cientificamente está provado que só pelo facto de as crianças estarem expostas a situações de violência é possível observar o impacto dessas vivências através de alterações comportamentais, emocionais e psicológicas das crianças.
Mito: As Mulheres vítimas de violência doméstica só o são porque não saem de casa e até devem gostar de apanhar.
Realidade: As Mulheres sobreviventes de violência canalizam as suas energias, diariamente, a tentar sobreviver e a evitar serem mortas.
Mito: A Mulher não pode sair de casa porque perde direitos e pode ficar sem os/as filhos/as.
Realidade: A Mulher tem o direito e a responsabilidade de proteger-se a si e aos seus filhos.
Mito: O álcool e as drogas tornam o homem violento.
Realidade: A maior parte dos homens violentos, são-no, sem estarem sob o efeito do álcool ou drogas.
O que posso fazer se conhecer uma mulher que esteja envolvida numa situação de violência doméstica?
- Não julgar. Ouvir. Acreditar
- Respeitar as decisões que ela tomar, ela pode ainda não estar pronta para sair da relação
- Dizer-lhe que a violência não é responsabilidade dela
- Dizer-lhe que a violência doméstica não é aceitável
- Dizer-lhe que está disponível para a apoiar
- Estabelecer com ela um plano de segurança
- Informar que existem organizações que fornecem apoio e garantem a confidencialidade
- Dizer-lhe que poderá apresentar queixa na Esquadra da PSP ou GNR mais próxima, Polícia Judiciária ou dirigir-se aos serviços do Ministério Público do Tribunal da sua Comarca
segunda-feira, 24 de maio de 2010
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