Prevenção da violencia em meio escolar / saude mental

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segunda-feira, 24 de maio de 2010

Violência entre jovens


A agressão nunca poderá ser uma solução aceitável para resolver conflitos e isso deve ficar bem claro quando lidamos com jovens. Quem tem opiniões ou posturas divergentes tem de encontrar alternativas que não passem pela agressão. Partindo deste princípio, o passo seguinte é a responsabilização. Todos nós (e os mais jovens não são excepção) somos responsáveis pelo nosso comportamento face aos outros. Logo, a autodisciplina e o controlo são valores que devem ser promovidos, juntamente com a ideia de que devemos aprender a conhecer as nossas emoções. A raiva, que está na origem de numerosos episódios de violência entre pares, é uma resposta secundária a emoções a montante, como a frustração ou o medo de ser rejeitado(a). Assim, aprender a adiar a resposta agressiva, fomenta o contacto com a razão subjacente ao mal-estar e poderá evitar uma reacção violenta.

A eliminação ou redução de comportamentos violentos (comummente designados bullying) passa pelo respeito pelos sentimentos dos outros e a disponibilidade para os ouvir. Há que evitar comentários críticos e/ou expressões de troça, pois humilham e não facilitam a comunicação.

Quando, sobretudo na escola, se detectam episódios de bullying podem distinguir-se três grupos de alunos:
- agressores;
- vítimas;
- o grupo mais numeroso dos que nada fazem e fingem não ter nada a ver com o assunto.

Qualquer acção que a escola tome para resolver o problema do bullying deverá implicar os três grupos de jovens, responsabilizando-os, pois sem a sua participação activa num plano concertado, os resultados obtidos não serão definitivos. Este plano deverá implicar toda a comunidade educativa, implicando também os adultos. Assim sendo, e segundo vários autores, são necessários três pré-requisitos básicos para um plano bem-sucedido de combate à violência na escola:
- reconhecer que o problema existe;
- criar um clima de abertura, no qual o bullying possa ser discutido;
- envolver pais, professores e alunos.

O bullying pode ser reduzido – mas não garantidamente eliminado – graças ao trabalho conjunto de professores, educadores, pais e alunos, num esforço para criar um clima em que haja o sentimento de um trabalho conjunto para a escola. Um clima positivo, no qual há gosto pelos colegas reduz significativamento o bullying, tanto do ponto de vista do agressor como do ponto de vista da vítima
Alguns estudos internacionais indicam que cerca de 19% dos jovens inqueridos relataram exercício de violência sobre os pares com uma frequência moderada a elevada e 10% dos jovens relataram fazê-lo todas as semanas. Por outro lado, cerca de 17% dos jovens inquiridos revelaram ser alvo de bullying com uma frequência moderada a elevada, enquanto 8% definiram esta frequência como semanal.

Um estudo apresentado em Portugal em 1996, com uma amostra de seis mil e duzentos alunos em escolas públicas das áreas urbanas, suburbanas e rurais no Norte do País, relatou que 21% dos alunos inquiridos terão já sido agredidos por colegas, enquanto 18% afirmam já terem tido um comportamento agressivo, registando-se três ou mais vezes no ano transacto. Os comportamentos violentos mais frequentes são insultos, seguidos de agressões físicas, rumores pejorativos e roubo. Esse estudo também verificou que a maior parte das situações ocorrem no recreio.

A percentagem de jovens que são alvo de violência tende a diminuir com a idade e com o aumento de nível de escolaridade, embora muitos jovens, sobretudo os mais velhos, não refiram os episódios de bullying. E são também os mais velhos que falam mais no poder do agressor, enquanto os mais novos referem mais a questão da exclusão social.


Agressores, vítimas e elementos passivos

Entre os agressores há uma maior probabilidade de observar outros comportamentos violentos ou anti-sociais – lutas, roubos, consumo de substâncias ilícitas – e muitos deles, não só têm notas mais baixas do que a média como acabam por desistir da escola. Os alunos que integram este grupo têm atitudes mais positivas sobre a violência, baixa resistência à frustração, dificuldade em obedecer a regras e tendem a ser agressivos para com os adultos.

As vítimas são geralmente classificadas como passivas ou provocadoras. As vítimas passivas são introvertidas, pouco confiantes, têm medo de ser magoadas e demonstram maior à-vontade na interacção com os adultos. As vítimas provocadoras tendem a ser excessivamente activas, apresentam dificuldades de concentração e tentam agredir crianças mais novas/fracas, podendo ser alvo de violência por parte de vários jovens.
Os jovens que são vítimas de bullying podem tentar evitar a escola recorrendo a vários argumentos e têm, em média, notas mais baixas. A curto-prazo, mostram-se mais ansiosos e depressivos, apresentando maior incidência de «doenças» (dor de cabeça, dor de barriga, entre outras).

Os jovens que integram o grupo dos indivíduos com duplo envolvimento não se autoproclamam como agressores ou vítimas mas são referidos pelos colegas como agressores ou vítimas.

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